-As tuas notas não param de descer. - constatou o homem com aspereza.
"F*, queria ir para a Academia e não me deixaram, não vou sequer esforçar-me." , pensou o rapaz, perante o olhar frio do padrasto. Nunca o chamara de pai, mas também não era necessário qualquer tipo de nome, visto raramente lhe dirigir palavra.
-Tu estás a ouvir-me rapaz?
-Pedro responde ao teu pai! - guinchou a mãe.
- Porra ele não é meu pai! - levantando-se da cadeira bruscamente e dirigindo-se para o quarto.
Depois de trancar a porta, pegou na guitarra e mandou uns acordes ao acaso, coisa que fazia frequentemente quando estava perturbado.
Algo lhe soou bem, e apontou numa folha que tinha à mão, quando uma música dos Nirvana começou a tocar. Era o seu amigo Marco que lhe ligava.
-Pá, queres vir até ao Teles?
Teles era o café da zona, onde os rapazes iam jogar bilhar e matraquilhos ao fim de semana.
-Ya, vou aí ter daqui a 15minutos.
-'Tá-se. - e desligou.
Ninguém deu por ele a pegar nas chaves e sair, ou ninguém se importou muito.
E pela milionésima vez, abraçou a rua, escura numa noite sem luar.
*
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