Terça-feira, 17 de Fevereiro de 2009

Uma música de Lou Reed tocava quando a campainha tocou. A rapariga foi à porta e deixou o convidado entrar.

-Boa tarde Lúcia!

-Olá Pedro, entra!

O rapaz entrou na casa, um pouco envergonhado.

Eram da mesma turma mas ainda não se conheciam bem, e agora a professora de Física Química tinha-os juntado para um trabalho.

-Eia, Lou Reed! Gosto mesmo desta música! - exlamou ele.

-Lou Reed, aqui em casa, é o patrão. O meu pai faz-me ouvi-lo desde pequena.

O pai entrou no quarto, sorridente:

-Alguém falou em Lou Reed?

-Pai, este é Pedro, o meu colega de turma, toca nos Musty Joe...

-Ah, a melhor banda da cidade...A minha filha contou-me algumas coisas sobre vocês...

-Contou-lhe que vamos dar um concerto ao ar livre daqui a duas semanas? - revelou Pedro com um sorriso.

-Ai, isso é que já não! Oh, bolas, a duas semanas já não há bilhete que se arranje... - disse em jeito de brincadeira.

-A Lúcia pode ir? Ela é nova aqui na zona não é? Nós depois levavamo-la a conhecer a cidade.

-Bem, não sei...Façam o vosso trabalho que ao lanche falamos nisso!

Era difícil pensar em matéria bafienta quando há um tema tão apelativo como a música. Mas após uns "desvios", gargalhadas e interrupções, o trabalho foi acabado, os dois davam-se muito bem e nem reparavam nisso, porque parecia que se conheciam há anos.

-Ah, já não me ria assim há... - Pedro perdeu-se em pensamentos. - Ultimamente tenho vivido de uma maneira...

-Exagerada... - constatou a rapariga.

Ela bem o via, as aulas em que ele adormecia, ou vinha com os olhos vermelhor, a rir que nem um doido sem aparente razão. Não que fosse só ele a aparecer assim, mas dava para notar nele uma razão bem mais profunda que a de se mostrar forte.

Veio quebrar o silêncio o pai de Lúcia, com o seu constante bom humor:

-Aposto em como o Pedro nunca provou  um bolo tão bom como o meu, hã Pedro?

Durante o lanche era inevitável não rir com as piadas do Sr.Sauvage (os pais de Lúcia eram franceses), sem esquecer que o bolo estava mesmo uma delícia.

No final da tarde, Pedro já se sentia em casa, e custava-lhe ter que se ir embora.

-Bem, a minha mãe já deve estar preocupada...O melhor é voltar...

-É pena teres que ir, mas lá isso deve ser verdade, já é tarde.

Oh, se era assim! A mãe lá se preocuparia com alguém senão ela! Lá ela queria saber onde andava o filho! O filho que para mal dos seus males, lhe lembrava o pai, de quem ela nunca gostara.

A casa dele era a uns 5 quarteirões dali, e Lúcia pôs Pedro à vontade, sempre que quisesse voltar, a porta estaria aberta.

Talvez voltasse, para refugiar-se no conforto de uma família que não a sua, da sua nova amiga.

 

 

 

À parte: acho que inventei palavras e expressões...

Ainda mais à parte: espero que tenham tido um bom 14 de février (não sei se é assim que se escreve, ahah)

Tão à parte que nem sei porque escrevo: OBRIGADA CÓPIAS DE SEGURANÇA, SALVARAM-ME O DIA! *.*


sinto-me wu uh Disco baby!!
música Daddy cool - Boney M

publicado por Caff Eine às 18:58 | link do post | comentar | ver comentários (3)

Quarta-feira, 11 de Fevereiro de 2009

8.30 da manhã. Sala de aulas.

-Bom dia a todos. Gostava de vos comunicar algo. - resmoneou o ensonado professor de Biologia.

A porta abriu-se, e com isto disse:

-Apresento-vos uma nova aluna, Lúcia.

Uma rapariga parou diante da turma, visivelmente embaraçada. Os seus olhos azuis escondiam-se por detrás de uma cabeleira desgrenhada, e a sua cara estava salpicada de sardas. Calçava umas Converse sujas e rotas,mas não tão rotas como as calças.

-Bem, a matéria não se dá sozinha, se quiserem abrir os livros na página 118...Lúcia, senta-te ali ao pé do Marco, aquele rapaz que... - fez pausa para atirar um giz - estava a dormir.

Como seria de esperar, os olhares caiam todos em cima dela, e no final da aula, as raparigas mais atrevidas (e curiosas) foram ter com ela.

-Lúcia, não é? Marta, prazer! - apresentou-se uma rapariga alta e morena. - Esta é a Tiff, e esta a Xana!

Um duplo "Olá", ao qual ela respondeu timidamente.

-Queres vir comer um croissant ao Sena connosco? A gente apresenta-te ao pessoal!

-Oh, obrigada.

Aparentemente, eram populares, porque mal chegaram gritaram "Pessoal, esta é a Lucy!", ao que o "pessoal" respondeu "Hey, Lucy!!".

Todos riam e conversavam, esquecendo as aulas e falando de festas, namoros, música e novidades. A superficialidade era palpável, atitudes adoptadas, modas e amizades com segundas intenções, era aquele o universo da juventude.

 

*

 

Nota1: Quando reli o "Hey, Lucy!!",veio-me uma má vibe rotulada de "Luciana Abreu", bolas! A moça não tem naaaada a ver!

Nota2: Isto da numeração romana tem muita classe, mas já há muito que apaguei os conhecimentos que tinha dos grandes números. -.- Tristeza.



publicado por Caff Eine às 21:00 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Segunda-feira, 9 de Fevereiro de 2009

-As tuas notas não param de descer. - constatou o homem com aspereza.

"F*, queria ir para a Academia e não me deixaram, não vou sequer esforçar-me." , pensou o rapaz, perante o olhar frio do padrasto. Nunca o chamara de pai, mas também não era necessário qualquer tipo de nome, visto raramente lhe dirigir palavra.

-Tu estás a ouvir-me rapaz?

-Pedro responde ao teu pai! - guinchou a mãe.

- Porra ele não é meu pai! - levantando-se da cadeira bruscamente e dirigindo-se para o quarto.

Depois de trancar a porta, pegou na guitarra e mandou uns acordes ao acaso, coisa que fazia frequentemente quando estava perturbado.

Algo lhe soou bem, e apontou numa folha que tinha à mão, quando uma música dos Nirvana começou a tocar. Era o seu amigo Marco que lhe ligava.

-Pá, queres vir até ao Teles?

Teles era o café da zona, onde os rapazes iam jogar bilhar e matraquilhos ao fim de semana.

-Ya, vou aí ter daqui a 15minutos.

-'Tá-se. - e desligou.

Ninguém deu por ele a pegar nas chaves e sair, ou ninguém se importou muito.

E pela milionésima vez, abraçou a rua, escura numa noite sem luar.

 

*



publicado por Caff Eine às 20:47 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Procurou a t-shirt, encontrando-a no chão com poucas condições de voltar a ser vestida. A cabeça palpitava, e quando se baixou ameaçou explodir. Os amigos, preocupados, viam que ele não estava bem.

-Sabes que andas a exagerar um pouco... - disse um.

-Devias ter mais controlo... - disse outro.

Ele não respondeu, concentrado no casaco que aparentava não ter mangas. Eles não percebiam nada, não estavam na situação dele. O homem que lhe deu sentido à vida tinha partido, a mãe nem parecia preocupar-se, tinha-se casado com um empresário atarracado e arrogante. Se Pedro devia o que sabia a alguém, era ao pai. Desde muito novo tinha contacto com a música, os primeiros acordes na guitarra tinha-os dado com cinco aninhos, sabia tocar piano e podia-se gabar de ter conhecido excelentes músicos. O seu pai descobriu que tinha um cancro quando Pedro tinha 10 anos, e pouco antes do 11º aniversário morreu, para choque de todos, visto ter guardado segredo.

"Nunca conheci ninguém que soubesse tão bem o que era a vida." , afirmou um dos seus grandes amigos.

De facto, assim era. Pedro era filho de uma relação problemática, fruto de uma noite imprudente. A mãe, era, literalmente, uma vadia, por quem o pai se apaixonou, e não foi correspondido, mas sim cobiçado. A sua fortuna e fama enquanto guitarrista de uma banda popular levaram-no a um casamento infeliz, mas que, mesmo assim, lhe deu algo de positivo: o filho.

O filho que agora calçava as sapatilhas ao contrário com os olhos vermelhos e semicerrados. O filho que se perdera no mundo.

 

*



publicado por Caff Eine às 19:48 | link do post | comentar | ver comentários (1)

A última bebida ainda estava na mão dele, por acabar.

Tinha adormecido naquela cama, provavelmente estando a sonhar com coisas bizarras.

O miúdo passava a vida a embebedar-se. Não que a culpa fosse inteiramente da bruxa da mãe, mas certamente que ajudava. Tinha uma vida miserável, à sua maneira, e a banda e a bebida eram os seus únicos escapes.

-Pedro! - exclamou um dos seus colegas.

Pof! O punho de Pedro voou para a cara de Marco, o amigo.

-Cala-te. - grunhiu.

-F* pá já vi que a ressaca é grande, mas tens que sair daí, os pais da Vanessa não te podem ver assim!

 

*



publicado por Caff Eine às 19:42 | link do post | comentar | ver comentários (3)

Antes de mais, bem vindos! :)

Apesar do que o url vos possa transmitir, isto não é nenhuma publicidade a produtos de emagrecimento, beleza ou livros de auto-ajuda.

Foi apenas um nome ridículo que arranjei para simbolizar a minha coragem em criar um blog (talvez depois me arrependa, haha).

O que tinha em vista era postar aqui as histórias que imagino (que podem conter o mais variado tipo de falhas) e gostava que me dessem algumas dicas ou simplesmente criticassem, negativa ou positivamente.

Bem, enjoy it!

 


Caff


sinto-me Envergonhada

publicado por Caff Eine às 19:32 | link do post | comentar | ver comentários (4)

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